sexta-feira, 10 de maio de 2013

O valor da água e de outras coisas e nosso compromisso com todos os seres que vivem e que viverão.

Fui incumbida de pensar no objetivo de um seminário de educação ambiental. Estou, então, pensando sobre isso desde a última quarta-feira. O tema principal é a água e passa também pela preocupação que devemos ter com a destinação dos resíduos sólidos, para que estes não contaminem os recursos hídricos. Trocando em miúdos, ainda não consegui chegar ao final da minha tarefa, da minha incumbência, mas o exercício de pensar, ler e reler vários textos sobre o assunto me proporcionou um pensamento que gostaria de compartilhar aqui:

“Precisamos nos comprometer e nos responsabilizar pela adoção de padrões sustentáveis de uso e de convivência com a água disponível no planeta. Do contrário, estaremos negando o valor social, ambiental, cultural, religioso e econômico da água – historicamente reconhecido pelos que vieram antes de nós e certamente ratificado pelos que virão depois de nós.” (MARQUES, 2013)

Estudar e refletir nos proporciona momentos de entendimentos que não alcançaríamos se assim não fizéssemos. 

Eu, particularmente, questiono e muito o valor econômico da água. Sei que existe, neste mundo estranho que alteramos bruscamente, cada dia mais. Para mim, no entanto, continua sendo muito confusa a existência de um valor econômico para um bem natural e essencial à vida, que jamais deveria ser comercializado. 

Quanto vale um litro de água? E quanto custa a sede de quem não pode acessá-la? Quanto custa os aproximados 70% de água que a agricultura consome no mundo? Quanto custa os 22% da água que a indústria mundial consome? Quanto vale os 8% da água que consumimos em nossos lares no mundo inteiro? (Fonte: Magalhães, 2004).

Quanto vale uma árvore em pé? E quanto custa a mesma árvore em rolos ou em tábuas? Quanto vale o Kambô? Quanto vale o conhecimento tradicional de uma população? Quanto custa aquele remédio na farmácia? Quanto custa um litro de leite adulterado? Quanto vale a ética e a consideração para com o próximo? Quanto vale a floresta e todo o seu serviço? Quanto vale um índio? Quanto vale um povo indígena? Quanto custa povos inteiros terem sido dizimados? Qual o tamanho da cifra $ do interesse dos ruralistas? Quanto se bebe disso tudo? Quanto se come disso tudo? E quanto se embolsa disso tudo?

Eu não tenho condições de dar preço ao que para mim não tem preço. Eu só dou valor ao que me vale. E eu não consigo dimensionar o custo do desmando, do descaso e da impunidade.

Acho que não consegui me desfazer dos meus óculos cor de rosa, estes que me dão uma visão romântica ou sonhadora do mundo, uma visão que ainda espera (de esperançar) uma mudança ou várias mudanças, transformações, para melhor. Pergunto-me, contudo: Quanto vale meus sonhos? Serão sonhos ou ilusões? 

MAGALHÃES, P. C. O custo da água gratuita. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 35, n. 211, p. 45-49, dez. 2004.

terça-feira, 16 de abril de 2013

"... Paz sem voz, não é paz, é medo...", O Rappa.

Às vezes me bate um cansaço!

Ando meio cansada das coisas que leio no que se refere à política nacional. É um cansaço daqueles de desesperançar. Um cansaço daqueles sem dor física, mas que incomoda com uma constância detestável.
Acho que não sou só eu, vejo o descontentamento nos rostos e manifestações de familiares e amigos, ouço pessoas falando, gritando, implorando... indignadas com as mesmas incoerências, com os mesmos desmandos. Acho que tem muita gente cansada de ser feita de idiota!
Quem, em plena consciência, pode aceitar Marco Feliciano, Deputado Federal, racista e homofóbico, na presidência da Comissão Permanente de Direitos Humanos e Minorias (CDHM)? Quem, com o mínimo de conhecimento e respeito pelo meio ambiente, pode aceitar Blairo Maggi, um dos maiores desmatadores do nosso país, na Comissão Permanente de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA)? Quem, com sangue nos olhos e convicção de seus princípios ainda não saqueados por este sistema imundo, pode conceber termos como membros titulares da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) dois condenados no processo do mensalão: José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP)? Quem, que respeite e valorize os povos indígens, sua história, saberes, culturas, pode dormir tranquilo e engolir seco tamanho desrespeito e violências de todos os tipos, como, por exemplo, o que aconteceu em 22 de março deste ano, na Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro, quando da desocupação daquele espaço para 'o bom andamento das obras da Copa do Mundo de 2014'?
Falando sério, eu estou cansada, desesperançosa, desmotivada... Eu poderia dizer também que estou indignada, mas, antes, este tipo de setimento ainda me fazia canalizar toda a raiva e descontentamento para tentar fazer algo, como assinar listas, participar de manifestos etc. Não estou conseguindo! São tantos fatos/acontecimentos absurdos que tenho tido enorme dificuldade de assimilá-los. Estou me sentindo apática.
Nunca me senti estudiosa o bastante, intelectual uma linha que fosse ou meramente politizada para falar ou escrever sobre essas coisas, como estou fazendo hoje. E tenho consciência que ainda não sou e talvez nunca seja nada disso. Não é minha intenção, nunca foi meu objetivo de vida. Portanto, aos que tenham mais conteúdo e conhecimento do que eu, que compreendem melhor esta estrutura e essas relações altamente duvidosas e nocivas para o povo brasileiro, faço um apelo: ESCREVAM! FAÇAM PALESTRAS! USEM SEUS CONHECIMENTOS NAS AULAS EM ESCOLAS, UNIVERSIDADES, CURSINHOS! REÚNAM PESSOAS E AS ORIENTEM, DESPERTEM-NAS!
Como disse, é apenas um apelo, porque eu, na minha humilde condição, não consigo vislumbrar outro jeito da gente tentar bloquear, impedir, reverter tudo o que está acontecendo. Nem sei de fato se ainda há um jeito. Contudo, acredito que uma população mais conscientizada, mais atenta e menos manipulada pelo que chamam de 'entretenimento', sobretudo o que vem das mídias de massa, é capaz de se movimentar, organizar-se e agir. Sei que isso já é feito em vários lugares do país, por vários grupos. O apelo é para que seja feito mais e mais, pois diante da sagacidade e esperteza dos que nos logram em tudo, da morosidade da justiça e da falta de cumprimento das leis, a sensação que tenho é a de que ainda somos poucos, tão poucos.
Seja como for, ao menos pude desabafar um pouco. Espero que este pequeno desabafo ajude a outros, além de mim.
Desejo Paz e Bem a todos e todas, mas como ouvimos na canção do Rappa, da época de Marcelo Yuka... "... paz sem voz, não é paz, é medo".

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Eu queria ser uma palhaça que cura!


Estava lendo o Balanço 2012 dos Doutores da Alegria! Que trabalho incrível! Deu vontade de virar uma palhacinha (alguns amigos já acham que sou palhaça por natureza), mas palhaça mesmo, sabe? Do tipo que faz curso e atua, consegue alegrar as pessoas com amor, criatividade e simplicidde, que nem minha amiga Carol Di Deus! E depois do curso de palhaça, com toda honra e mérito, quem sabe eu me candidatasse a fazer a formação dos Doutores da Alegria? Quem sabe eu não tivesse alguma chance de participar desse grupo de pessoas tão talentosas e dedicadas a uma causa tão importante, tão louvável, tão emocionante!?!

Não penso que seja fácil. Eu teria que fazer terapia, certamente, para conseguir lidar com tanta adverssidade e tanta alegria! E penso que é mesmo uma arte manejar uma situação ao ponto de colocar alegria onde, historicamente, nós, seres humanos, havíamos quase que convencionado que deveria ser triste ou frio ou apenas... sem graça.

Ser capaz de fazer o bem com leveza e gargalhadas, colocar-se à disposição do outro, doar-se como uma ferramenta na função de curar ou amenizar as dores da alma e também todas as outras dores. É lindo isso! Poderia ser utopia, mas não é! E é isso que me faz admirar e me encantar cada vez mais com o trabalho dos Doutores da Alegria.

Bom, mas seu eu não tiver talento para isto, ainda assim, ajudando na logística, nos serviços gerais, na administração, na elaboração de projetos, na comunicação... ou doando parte do meu tempo, que seja... eu adoraria dar minha parcela de contribuição a este projeto. Então estou aproveitando este espaço, que por sinal não utilizo já faz algum tempo, para divulgar ou simplesmente lembrar que ISSO EXISTE!

Desculpem-me o tom de perplexidade, porque afinal os Doutores da Alegria já completaram 21 anos! Ainda assim, repito: ISSO EXISTE! Esse trabalho maravilhoso é real! Feito por pessoas. Pessoas que tem fragilidades e fortalezas como qualquer um de nós, mas que simplesmente, lindamente, colocam-se a disposição do outro. De ouvir o outro, de olhar o outro nos olhos, de abraçar o outro, de fazer música para o outro, de fazer graça para o outro... Pessoas que se importam, que se interessam pelo outro.

Incrivelmente, em um mundo de pessoas cheias de preconceitos e de afetações totalmente desnecessárias e miúdas, FELIZMENTE, existem pessoas, e graças a Deus não são poucas, que sabem fazer a diferença e nos permitem, apesar de tudo, ver e sentir que vale a pena seguir em frente.

Só para não deixar de registrar, afinal, Clarice Lispector é mesmo minha queridinha da literatura, a primeira página deste documento dos Doutores da Alegria cita:

O BOBO, POR NÃO SE OCUPAR COM AMBIÇÕES, TEM TEMPO PARA VER, OUVIR E TOCAR O MUNDO.
Clarice Lispector
"Das Vantagens de Ser Bobo"


Foto: Tirada em 29 de janeiro de 2013. Pertence a Galeria de Doutores da Alegria no flickr.